ALFRED MARSHALL: O QUE É ECONOMIA?

Alfred Marshall define a economia como o estudo da humanidade em suas atividades cotidianas, analisando tanto as ações individuais quanto as sociais, especialmente no que se refere à obtenção e ao uso dos recursos materiais necessários para o bem-estar. Essa perspectiva destaca o caráter "social" da ciência econômica. Embora a economia se concentre no estudo da riqueza — como ela é produzida, acumulada e distribuída —, seu foco principal está no estudo do ser humano e de suas interações.

Marshall destaca que a economia concentra-se principalmente em compreender os fatores que influenciam, de maneira mais intensa e constante, as ações humanas no âmbito comercial. Por exemplo, ela busca analisar os motivos mais recorrentes que impulsionam as atividades empresariais e as decisões econômicas. Além disso, uma característica marcante da economia, que a distingue de outras áreas das ciências sociais, é sua capacidade de alcançar certo grau de "exatidão", permitindo a utilização de métodos quantitativos e análises precisas. Essa precisão relativa oferece uma vantagem significativa ao permitir previsões e modelagens.

No entanto, Marshall ressalta que é importante não equiparar a economia às ciências físicas exatas, como a física ou a química. Isso porque a economia lida com forças mais sutis e dinâmicas, diretamente ligadas à natureza humana, que é complexa, imprevisível e sujeita a mudanças constantes. Diferentemente dos fenômenos físicos, que podem ser replicados e medidos com alto grau de controle, as ações humanas são influenciadas por uma variedade de fatores emocionais, culturais e sociais, tornando a economia uma ciência que, embora precise em seus métodos, não pode ser reduzida a leis imutáveis ou previsões infalíveis. Essa dualidade entre precisão metodológica e a complexidade humana é o que torna a economia um campo único e desafiador.

MARSHALL, A. Princípios de Economia. São Paulo: Nova Cultural (Os Economistas), 1996.