ENTENDA COMO A TAXA DE JUROS AFETA A ECONOMIA
- Jailson Rodrigues
- 20 de fev.
- 4 min de leitura

Você já deve ter ouvido falar na "taxa SELIC", a taxa básica de juros da economia, mas sabe como ela impacta seu bolso e o país? Nesta matéria, vamos explicar como a SELIC influencia desde o investimento das empresas até o consumo das famílias. Quando o Banco Central decide aumentar ou reduzir essa taxa, o efeito se espalha por toda a economia: juros altos encarecem o crédito, desestimulam investimentos e freiam o consumo, especialmente de bens duráveis, como carros e eletrodomésticos. Já juros baixos tornam o crédito mais acessível, incentivando gastos e investimentos. Entenda como essa taxa, aparentemente distante, afeta diretamente o seu dia a dia e o rumo da economia brasileira.
Para compreender a dinâmica econômica, é essencial começar com uma observação fundamental: quando os economistas se referem ao termo "investimento", estão geralmente falando sobre a aquisição de bens de capital, como máquinas, equipamentos, infraestrutura produtiva e outros elementos que compõem o estoque de capital fixo de uma economia. Esse tipo de investimento é crucial para o crescimento econômico, pois amplia a capacidade produtiva e gera riqueza no longo prazo.
A taxa de juros como "prêmio por abrir mão da liquidez"
A taxa de juros pode ser entendida como o "prêmio por abrir mão da liquidez". Em outras palavras, quando alguém empresta dinheiro, está renunciando à possibilidade de utilizar esse recurso imediatamente para consumo ou outras finalidades. Essa renúncia é compensada por um retorno financeiro, expresso pela taxa de juros. Esse conceito, embora simples, é a base do funcionamento dos mercados financeiros. Por exemplo, quando um banco empresta dinheiro a um cliente, ele cobra juros como compensação pelo risco assumido e pela perda temporária da liquidez desse capital.
No Brasil, a taxa básica de juros é a SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), que é frequentemente chamada de "taxa básica da economia". Ela serve como referência para todas as outras taxas de juros praticadas no mercado, como as cobradas em empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Quando o Banco Central (BC) decide alterar a taxa SELIC, esse movimento tem um efeito cascata sobre toda a economia. Por exemplo, se o BC eleva a SELIC, as taxas de juros em geral tendem a subir, impactando o custo do crédito e as decisões de investimento e consumo.
A relação inversa entre taxa de juros e investimento
Uma das relações mais importantes na economia é a relação inversa entre taxa de juros e investimento. Isso significa que, quando a taxa de juros aumenta, o nível de investimento tende a diminuir, e vice-versa. Essa dinâmica pode ser explicada por meio de duas situações principais, que envolvem as fontes de recursos para investimento: capital próprio e recursos de terceiros.
Capital Próprio e o Custo de Oportunidade: quando uma empresa utiliza capital próprio para financiar um investimento produtivo, a taxa de juros representa o custo de oportunidade. Ou seja, o empresário compara o retorno esperado do investimento (por exemplo, a compra de uma nova máquina que aumentará a produção) com o retorno que poderia obter ao aplicar esse mesmo capital no mercado financeiro, onde receberia juros. Se a taxa de juros estiver alta, o custo de oportunidade de investir no negócio aumenta, pois o empresário poderia obter um retorno financeiro maior e, dependendendo da aplicação, sem correr os riscos associados ao investimento produtivo. Portanto, taxas de juros elevadas tendem a desincentivar o investimento em capital fixo.
Recursos de Terceiros e o Custo do Financiamento: no caso de recursos de terceiros, a taxa de juros representa diretamente o custo do financiamento. Quando a taxa de juros está alta, o custo de tomar empréstimos ou financiamentos aumenta, tornando mais caro para as empresas investirem em novos projetos. Isso ocorre porque os juros pagos sobre o capital emprestado reduzem a rentabilidade do investimento. Consequentemente, empresas podem adiar ou cancelar projetos de expansão, o que reduz o nível geral de investimento na economia.
O Impacto da taxa de juros no consumo das famílias
Além de influenciar o investimento produtivo, a taxa de juros também tem um impacto significativo sobre o consumo das famílias, especialmente no que diz respeito a bens duráveis, como veículos, eletrodomésticos e imóveis, que geralmente são adquiridos por meio de financiamento. Quando a taxa de juros está alta, o custo do crédito ao consumidor aumenta, tornando mais caro financiar a compra desses bens. Como resultado, as famílias tendem a postergar ou reduzir suas compras, o que pode levar a uma diminuição do consumo agregado.
Por outro lado, quando a taxa de juros está baixa, o crédito torna-se mais acessível e barato, estimulando o consumo e, consequentemente, a demanda por bens duráveis. Esse aumento no consumo pode, por sua vez, incentivar as empresas a investir mais, criando um ciclo virtuoso de crescimento econômico.
Em resumo, a taxa de juros desempenha um papel central na economia, influenciando tanto o investimento produtivo quanto o consumo das famílias. A relação inversa entre taxa de juros e investimento é um dos pilares da teoria macroeconômica, e sua compreensão é essencial para analisar as decisões de políticas monetárias e seus efeitos sobre o crescimento econômico. Quando a taxa de juros está alta, tanto o custo de oportunidade do capital próprio quanto o custo do financiamento de terceiros aumentam, desincentivando o investimento. Paralelamente, o consumo de bens duráveis também é afetado negativamente, já que o crédito ao consumidor se torna mais caro. Por outro lado, taxas de juros baixas tendem a estimular tanto o investimento quanto o consumo, impulsionando a atividade econômica.
Sugestão de leitura: "Taxa de juros: comportamento, determinação e implicações para a economia brasileira" (OMAR, 2008).
Sugestão de vídeo: O que é TAXA SELIC e como afeta a economia?
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