O QUE PENSA MARCOS LISBOA III: AGENDA REPUBLICANA
- Jailson Rodrigues
- 14 de mar.
- 3 min de leitura
Após uma análise aprofundada da economia brasileira – frequentemente caracterizada como o "país da meia entrada" –, Marcos Lisboa, quando questionado sobre possíveis caminhos para superar os desafios estruturais do país, propõe uma Agenda Republicana (AR) como um ponto de partida essencial. Essa agenda não apenas se apresenta como uma alternativa à estrutura econômica e política vigente, mas também como uma proposta transformadora, capaz de redirecionar o Brasil para um modelo de desenvolvimento mais eficiente, justo e sustentável.
A atual estrutura, que Lisboa se refere como o "Brasil velho", tem demonstrado incapacidade de estabelecer uma trajetória de crescimento econômico sustentável. Esse modelo, caracterizado por uma economia fechada e protecionista, por um favorecimento de setores pouco eficientes e pela manutenção de privilégios que distorcem a concorrência e limitam o aumento da produtividade. A necessidade de transformar essa estrutura é urgente, uma vez que a lógica vigente não só impede o crescimento econômico, mas também aprofunda as desigualdades e sustenta um sistema que beneficia uma minoria em detrimento da maioria, especialmente os mais vulneráveis da sociedade.
A "agenda velha", como Lisboa a define, está fundamentada na ideia de que o desenvolvimento econômico depende de um Estado que atende a interesses corporativos específicos, criando uma relação complexa e muitas vezes obscura entre o setor público e o privado. Essa dinâmica, que será explorada em detalhes no texto sobre os grupos de pressão, gera distorções que prejudicam a competitividade e a eficiência da economia. Em vez de promover o bem-estar geral, essa agenda acaba por concentrar benefícios em grupos selecionados, enquanto a população em geral arca com os custos.
Em contraste, a AR propõe um novo paradigma, baseado na criação de regras horizontais e transparentes, que garantam igualdade de condições para os agentes econômicos. Essa agenda não apenas defende políticas de proteção social localizadas e específicas, mas também busca fortalecer um Estado de bem-estar social nos moldes dos países desenvolvidos. A AR não é apenas uma crítica ao modelo atual, mas um esforço consciente para alinhar o Brasil às práticas e instituições que têm demonstrado sucesso em outras partes do mundo.
A essência da AR pode ser resumida no princípio de "tratar os iguais como iguais". Isso significa, por exemplo, que setores produtivos semelhantes devem estar sujeitos às mesmas regras tributárias e previdenciárias, eliminando distorções que hoje criam uma complexidade gigantesca no sistema tributário brasileiro. Essa complexidade, além de ser um entrave burocrático, desincentiva investimentos e reduz a produtividade, perpetuando um ciclo de baixo crescimento econômico. A AR busca simplificar e equalizar essas regras, promovendo um ambiente mais favorável à eficiência econômica.
Dois pontos adicionais merecem destaque na visão de Lisboa. Em primeiro lugar, ele não se opõe às políticas sociais; pelo contrário, ressalta que os gastos com subsídios têm crescido em detrimento dos investimentos sociais, o que é um problema grave. Em segundo lugar, ele reconhece a importância de um processo de transição gradual e bem planejado. Muitos agentes econômicos estão inseridos nas estruturas criadas pela velha agenda, e uma mudança abrupta poderia gerar instabilidade e resistência. Portanto, a AR não propõe uma ruptura inesperada, mas sim uma transformação consciente e estruturada, que leve em consideração os impactos sociais e econômicos dessa transição.
A insistência em políticas desastrosas do passado, que compõem a agenda antiga, é um dos principais obstáculos ao progresso do Brasil. A AR, por outro lado, pressupõe um rompimento com a lógica das "saídas fáceis" que ignoram os problemas estruturais. Além disso, a AR é construída sobre um conjunto de reformas que visam não apenas equalizar as regras do jogo econômico, mas também repensar o papel do Estado na economia, ou seja, rever as formas de intervenção estatal, garantindo que sejam eficientes, transparentes e orientadas para o bem-estar coletivo.
Em síntese, a AR representa um convite à reflexão e à ação. Ela propõe um caminho alternativo ao modelo atual, baseado em princípios de igualdade, eficiência e justiça social. Ao tratar os iguais como iguais e ao buscar alinhar o Brasil às melhores práticas internacionais, a AR oferece uma visão de futuro que pode levar o país a superar seus desafios antigos, construir uma sociedade mais próspera e, por conseguinte, atender com mais precisão às necessidades dos mais vulneráveis.
Sugestão de leituras:
Sugestão de vídeos:
Brasil Velho vs Brasil Novo | Marcos Lisboa | TEDxPinheiros (TEDx Talks);
MARCOS LISBOA | CANAL LIVRE (Band Jornalismo);
Roda Viva | Marcos Lisboa | 28/03/2016 (Roda Viva).
Os links indicados foram acessados em 12 de março de 2025.
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